
Mulher Negra, Latina e Caribenha
25/07/2020
“A mulher negra é a síntese de duas opressões, de duas contradições essenciais; a opressão de gênero e a da raça. Isso resulta no tipo mais perverso de confinamento. Se a questão da mulher avança, o racismo vem e barra as negras. Se o racismo é burlado, geralmente quem se beneficia é o homem negro. Ser mulher negra é experimentar essa condição de asfixia social.”
Iniciamos esse texto com a reflexão de Sueli Carneiro que ilustra de forma direta a condição histórica de mulheres negras nesta sociedade. Quando celebramos hoje, no dia 25.07.2020 a memória do ano de 1992, com o encontro de Mulheres Negras, Latinas e Caribenhas na cidade de Santo Domingo, não podemos deixar de refletir sobre a trajetória árdua de mulheres negras em toda a vida cotidiana.
Mulheres que lideram os índices das diversas violências, mulheres que estão nos serviços mais precarizados, mulheres que são na maior parte dos lares responsáveis pelo cuidado com os irmãos, pais, tios, avós, mulheres que educam sozinha filhos, mulheres que ocupam a base de uma pirâmide desumanizada pela escravidão e pelo capitalismo. O contexto social de mulheres negras é repleto de ausências.
Nesse momento onde vivenciamos uma pandemia de proporções desiguais, fica evidenciada a asfixia social que vitimiza mulheres negras. De acordo com matéria publicada em 2019 no portal Geledès, mulheres negras são 25,5% da população brasileira, somando 49 milhões de vidas, enfrentando condições inferiores. Um dado publicado no portal Nós Mulheres da Periferia, informou que o maior percentual de raça das empregadas domésticas são mulheres negras, e sabemos exatamente as condições reais desse setor no Brasil.
Entretanto são essas mulheres, na pluralidade das suas existências, que compõe o corpo ativo de resistência e enfrentamento à violência estruturada pelo Estado. Organizadas em coletivos, grupos e muitas vezes sozinhas, mulheres negras tecem redes de acolhimento e apoio, que luta pela garantia de direitos fundamentais.
A América Latina é cenário de levantes populares históricos iniciado por mulheres. Celebrar o dia 25 de julho é fazer ecoar às pautas contra o machismo, o sistema patriarcal e capitalista, a subjugação da mulher e toda forma de opressão que advém dela.
Construir a luta coletiva a partir das reivindicações de mulheres negras é perceber que somos e pensamos um outro modelo de sociedade, onde as diversidades são potencializadas e construídas para o bem comum.
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