Pensar na Baixada Fluminense é pensar na resistência das mulheres

TEXTO (AINDA NÃO POSTADO)

Coletivo Minas da Baixada

As mulheres, sobretudo as mulheres negras, são as mais afetadas pela ausência de políticas públicas na Baixada Fluminense.  O descaso é a ordem predominante e histórica nos 13 municípios da região. Vivemos sob o regime da necropolítica onde o estado escolhe que locais merecem investimento ou não e que a raça é um fator determinante. Lembramos, a Baixada é predominantemente negra. 

Em tempos normais, as mulheres já enfrentam ruas mal iluminadas que aumentam os riscos de assaltos e estupros; problemas no acesso ao transporte, falta de equipamentos médicos, educação deficitária e falta de saneamento básico. Os municípios de São João de Meriti e Belford Roxo não possuem tratamento de esgoto, de acordo com estudo da Rede Trata Brasil, o que coloca as mulheres em maior contato com coliformes fecais por estarem no papel de cuidadoras da casa e dos que adoecem por conta de mais um desleixo estatal. E esse é apenas um dos exemplos. 

Todos os problemas já existentes foram potencializado pela pandemia e tornam a ausência do estado ainda mais gritante. Nenhum hospital de campanha foi entregue na região que já não possui equipamentos médicos suficientes. Dificilmente alguém na Baixada Fluminense não conhece quem tenha tido Covid-19. 

O que nos salva é a formação de redes de apoio com atuação direta dentro dos bairros. O contato boca a boca tem sido o que define muitas vezes a possibilidade de um atendimento mais imediato quando acontece qualquer situação de violação. E as mulheres estão na linha de frente das redes que sustentam a construção de reparação dos danos provocados por essas ausências. Pensar historicamente a Baixada Fluminense é identificar a resistência e luta das mulheres.

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